BRASÍLIA DOCE BRASÍLIA
Crônicas  |  Domingo, 17 Outubro, 2021 8:49  |  Visitantes e Leitores: 1294  |  A+ | a-
Era setembro de 2021, estava pensando em uma maneira de passar vergonha ou me aborrecer de uma forma que não pudesse me esquecer, assim surgiu um boa oportunidade para  uma excursão em Brasília,  comemorar  a Independência do Brasil e apoiar nosso Presidente na sua propositura de manter a Governabilidade do País.
Uma coisa que  não contava era como ia chegar lá!
Uma opção que achei legal era uma excursão, mas não teria graça ir sozinho, assim tratei de arranjar algumas companhias que pudesse fazer a viagem ficar prazerosa. Convidei a Néia (minha esposa e fiel companheira), o Eil e o Carlota, que muito malandro tratou de ir de avião e nós de ônibus.
Assim, no dia 4 de setembro saímos cedo de casa com destino ao Rio, no caminho pegamos uma senhora que ia para o mesmo destino e o Eil mais adiante e lá fomos nós... Chegando ao Rio no local pré determinado, aos poucos as pessoas foram aparecendo e fomos conhecendo os que seriam nossos companheiros de viagem. Nosso meio de transporte era um busão surrado que parecia novo, mas olhando a miúde dava pra ver que estava bem mau tratado, mas como nossa vontade de ir era maior que essa preocupação, resolvemos ir sem atentar para esses “detalhes”, achando que isso não faria diferença.
Depois de 1 hora de atraso, por conta de uma passageira que não atentou-se para a hora da partida. Mas depois soube que na volta não queria esperar por ninguém, acho até graça...Lá pelas tantas partimos por volta das 16:00h. Por volta das 23:00h já estávamos além de Juiz de Fora já no estado de Minas Gerais... Os passageiros estavam acomodados e cochilando, tudo ia bem...Até a hora que houve um grande estouro e fumaça, seguida de gritos de FOGO...Fogo...Fogo...O ônibus está pegando fogo... Imediatamente o motorista foi informado do que estava ocorrendo e parou o busão no acostamento.
Não precisa dizer que foi um atropelo pra todo mundo sair as pressas do busão... Já era difícil descer, pensa em algumas pessoas descendo se aglomerando na porta do busão? Não era pra ninguém descer...Ainda tinha uma benção colocando pilha para que o povo saísse logo do bus kkk.  Até que os motoristas avaliassem a situação, mas óbvio que com a barulheira que houve mais o pânico instalado, não teve como: Todo mundo desceu e foram averiguar o acontecido. Estava um breu danado, ainda bem que não chovia e a noite era linda e estrelada, mas dava até para sentir o perigo a espreitar-nos.
Depois de um exame coletivo; sim coletivo, pois todos tinham que dar um pitaco no que aconteceu e no que poderia ter acontecido... Alí naquela junta (que não era Médica) havia um pouco de tudo, umbandistas, fumantes, que aliás pude notar uma passageira com cigarro entre os dedos  perto do motor, curiosa que só, pinguço e outros curiosos... Foi uma gravidade imensa!
O piloto da hora, conseguiu fazer aquela coisa voltar a andar e fomos estacionar um pouco mais adiante em um restaurante que aquela hora já estava fechado.
A dona do lugar vendo o movimento pelas câmeras, inteligentemente correu para colher aquela “grana” que caiu no seu quintal. Tratou de fazer café, apresentou-nos umas rosquinhas, cachaça, queijo minas e fez do “limão uma limonada”.
Ficamos pouco mais de uma hora alí, entre um cafezinho e outro, a prosa e a jogatina corria solta. Teve gente que aproveitou para “dar uma volta” em outros no jogo de ALIADO..., já outros contavam mentiras e a noite avançava sobre nossos planos de chegar cedo na bela capital do País.
Depois dessa espera amarga, chegou outro ônibus vindo Deus sabe de onde. Era um pouquinho pior que o primeiro, as acomodações um tanto quanto furrecas, mas pelo menos com ele vinha a esperança de sair do lugar nenhum e chegar a Capital... E lá fomos nós...
Rodamos um tanto e eis que, esse ônibus também parou... Resistiu bravamente capengando pela estrada e também parou...Lá se foi a turma de entendidos em mecânica avaliar o que ocorreu dessa vez...
Concluíram que era a bateria que não estava carregando o alternador... Depois de uma breve “armengue”, o motor voltou a roncar, seguimos em frente...Só que dessa vez em um calor do Saara, ninguém aguentava a madrugada com aquele calor, outra paradinha... Dessa vez identificaram que o ar condicionado não estava ligando por o arranque não estava carregando a bateria que mantinha o mesmo... Outro ajuste aqui, um aperto ali... Um arame pra amarrar... Pronto o possante já estava em forma outra vez, dava pra ver os pinguins saindo pelos dutos da refrigeração... Íamos em alta velocidade a quase 70 Km/h, havia momento na descida e com vento a favor de atingirmos 90Km/h, até que resolvemos parar para o café.
Amanheceu o dia... Paramos em um restaurante  próximo de “tão-tão distante”... O líder disse pra ninguém descer pois ele ia observar as condições do local da parada para ver se tinha condições de atender 42 famintos fedidos... Ninguém tomou banho nas últimas horas e o cheiro já estava crítico... A turma que roncou a noite toda estava faminta e não se dispôs a esperar, invadiram o local e tal qual uma nuvem de gafanhotos comeram tudo que viram pela frente, de cebolitos até paçoca de vento com pimenta... É... Com pimenta...
Não sei por que, estávamos longe da Bahia, mas dali pra diante tudo que caía no prato era com muita pimenta.
Depois muito sacrifico, já começávamos sentir o cheiro da Capital Federal (se é que tem cheiro), entramos pela porta dos fundos, naquele monte de viadutos e trevos para confundir um retirante e quando conseguimos pegar o caminho do hotel Montana no Bairro Bandeirante... O ônibus quebrou outra vez! Dessa vez não teve arrego... O bicho não saiu dalí de maneira alguma... Só com reza forte... Peguei um UBER e metemos o pé para o hotel que estava a poucas léguas do local do sinistro, no entanto ninguém levou consigo as malas... A porta do bagageiro da viatura não abria de maneira alguma!
Fomos para o hotel assim mesmo, pegamos um UBER e metemos o pé.
Chegando no hotel, tomamos um bom banho e descansamos até que uma alma bondosa nos trouxe nossa mala... Mas boa parte do time continuou até muito tarde pelados no quarto, sem poder tomar banho por falta do que vestir, viva  Brasília!
No dia seguinte após o café, fomos fazer um reconhecimento no Planalto Central, lá encontrei um desconhecido bravejando para os poucos seguranças que vigiavam o TSF e confesso que como já estava indignado com o que eles andavam aprontando, cerrei fileiras com ele e também falei um monte de impropérios... Gritei até ficar rouco...
Alí conheci um casal do Paraná (Flávio e Daiane), gente fina toda vida. Estavam “perdidos” procurando sarna pra se coçarem. Convidei-os a irem conosco conhecer o acampamento B-38 E assim fomos no carro deles até o tal acampamento, aquilo parecia uma grande festa, um grande festival de músicas sertanejas e comida a balde. Encontramos também uma moça que gostamos muito de seguir nas redes sociais de Juíz de Fora, a famosa Lis Macedo, batemos um papo, conhecemos um agricultor muito gente boa de Santa Catarina Daniel o nome dele. Nos contou sobre o dia a dia dele. Foi muito bom aquele dia.
A comida era um detalhe a parte. Farta de boa qualidade, parecia ser servida por um time de um grande restaurante francês que mandou muito bem... Fizeram uma pajelança em um enorme caldeirão que pegaram de alguma bruxa e alí fizeram um arroz de carreteiro, confesso que não sabia que na minha barriguinha caberia 9 latas de cerveja e um prato daquela coisa! Apesar da fila estar grande, eles iam comendo aquela fila vorazmente e ela não se criava. Fazia um “sol de rachar o bico”.
Lá pelas tantas fomos para o hotel. Fomos para o hotel descansar, afinal o clima seco e um monte de cerveja na “agulha” já me deixava cansado e ligeiramente ébrio.
Já no dia seguinte partimos para o planalto central... Alí que era o fervo, um monte de ia zilhões de pessoas, gente a dar com pau. Branco, preto, amarelo, mameluco, índio, caôlha, perneta, heteros, gays, tinha gente que não acabava mais. Patriotas com sangue nos olhos, para tentar mudar a história do País. Parecia até um grande jogo de final de copa do mundo, com nossa seleção classificada pra final...Bandeiras, bandeirolas, cornetas e retretas, estava tudo lá. Tinha um cara tocando berrante e outro tanto tocando sanfona, a música sertaneja imperava, o bagulho t’ava doido.
Nem vou contar as tretas, como uma grande família sempre tem né? Mas não levamos para o coração kkkk. Mas algumas delas tenho que relatar que foi muito cômico. Ahhh foi kkk
Na volta para o Rio, todos dormindo por volta de 1:00h e pouca da madrugada;  senti um cheiro de cigarro, na verdade meu olfato estava associando café com cheiro de cigarro. CIGARRO??? fiquei indignado, como assim? Dentro do busão tem alguém fumando? Levantei e fui com a lanterna do meu celular ligada até o final do busão falando alto, tem alguém fumando, é sacanagem, acende a luz aí motorista, o coitado do motorista estava descansando enquanto o outro dirigia. Assim foi feito. Todos acordaram e uma passageira, (uma benção Dona Joana), ahh dona Joana, sempre ela... Dona Joana comentou: Já fumei 4 cigarros e ninguém falou nada.
AFF...: Outro passageiro acabou falando com ela, que abusada rebateu e rolou um stress... Uma confusão medonha se estabeleceu dentro do busão, alguns contra, outros a favor... Pensem em uma confusão...  
Ahhh um dado momento da viagem na volta o ar não estava gelando e começaram a reclamar do calor. O líder então foi falar com o motorista. Logo depois o motorista sinalizou que o ar não estava funcionando porque alguém abriu o teto solar do busão apontando e mostrando   o teto aberto.  Nem vou dizer quem foi né?
Também não vou falar do banheiro do busão, né? Era só usar para desprezar uma diurese (urina) que após descarga subia um odor desagradável, o bagulho fedia mais que latrina da Central do Brasil.
Vamos falar das camisas que alguém vendeu e não foram entregues?
Pois é gente, cabe aí uma CPI das camisas sabia? Até aonde entendi um cidadão que não estava nos ônibus (tem que ser no plural pois seguindo do Rio, haviam 2), foram entregues para Eliane líder que estava no ônibus número 2. Mas ela não perguntou ao líder do busão número 1 se os dois passageiros a quem ela deveria entregar as camisas estavam no busão número 1. Um inclusive é meu amigo que foi de avião, eu quem deveria pegar para ele. A ideia era usar no evento de 7 de setembro. O outro também estava no busão número 1. A passageira Helena ficou sem camisa.  pagou e não levou. Eliane mora em Saquarema e levou as camisas, ou seja, as camisas viajaram do Rio para Brasília, de Brasília para o Rio e Saquarema. Que falta de comunicação hem francamente. Lembrar que por algumas vezes os dois ônibus se encontraram pelo trajeto.
Não tivemos a oportunidades de ficarmos juntos por mais vezes a não ser dentro do busão, mas foi muito divertida a viagem.
Enfim, quando sua vida estiver monótona, vá a Brasília ou pegue uma excursão pra qualquer lugar, verás a porta do inferno, mas até que é divertido.








 
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