DIVAGANDO...
Crônicas  |  Domingo, 31 Outubro, 2021 10:15  |  Visitantes e Leitores: 1315  |  A+ | a-
Decio O. Elias

Hoje acordei um pouco cansado. Não muito, mas o suficiente para precisar de algum repouso; apenas relativo. Estava pensando em ir a Copacabana com a minha mulher, mas preferi ficar em casa. A intenção dela era esperar pelo irmão, que faria algumas instalações elétricas. Talvez preparando a chegada de algum dos filhos que moram em Cabo Frio e vêm ao Rio de vez em quando. Coisa de mãe carinhosa. Seu irmão, o "Eletric", está sempre disponível.

Eletric é, nota-se, o apelido de meu cunhado. É uma rara espécie de faz-tudo. Conhece a fundo as coisas da vida. Faz, sempre com rapidez e satisfação, desde desrosquear parafusos enferrujados, pequenas instalações elétricas a deliciosos churrascos de picanha. Ao ponto. Meu cunhado trabalha com barcos de competição já há bastante tempo e, diga-se a bem da verdade, é um maioral do faz tudo com os barcos para as competições. Só não rema. Não porque não saiba ou não seja capaz, simplesmente porque ainda não lhe pediram. Mas, eu não ficaria surpreso se Eletric vencesse todas as provas da categoria "single", devido à sua energia, mobilidade e vontade de fazer as coisas corretamente e sem perda de tempo que lhe valeram o apelido. É, além de tudo, uma pessoa muito especial; gostável sem restrições, sujeito correto, alegre, otimista de carteirinha, de bem com a vida e sempre pronto a ser útil a quem precisar. Começou nos barcos de competição como timoneiro, mas, o tempo e o peso o passaram de dentro para fora dos barcos. Eletric consegue fazer, sempre com um sorriso nos lábios, um pouco de qualquer coisa; desde dar um bom dia até uma mudança do décimo andar pelas escadas.

Mas eu ia falar do meu cansaço. O meu médico cuida de mim com extrema competência e desvelo há pouco mais de trinta anos e conhece o meu organismo melhor do que eu mesmo. Ele me mantém sem qualquer sintoma com o emprego dos recursos mais avançados que a medicina moderna pode oferecer. Isso quer dizer, vida normal. Sob todos os aspectos. Só não joguei futebol porque não tive vontade (nem talento). Quem tem talento e vontade é o meu filho caçula, o Marquinho. Danadinho; treinou no flamengo e não fez feio. Mas as circunstâncias do esporte e da vida, o levaram à PUC Rio para o curso de publicidade e marketing, em que se saiu muito bem. Mas, voltando ao meu médico, esse ano entrei numa fase em que precisei de uma nova droga, que, bem rapidamente, normalizou os resultados dos meus exames de sangue. É um remédio caro, muito caro, mas é fantasticamente bom. Minha sorte é que o seguro-saúde (não são todos, infelizmente!) paga os tratamentos mensais. Entretanto, como nem tudo são flores nos jardins da vida, o remédio tem alguns efeitos colaterais importantes, um dos quais é a fadiga, um tipo especial de cansaço em vários graus e formas. Nos primeiros dias eu fazia um circuito de caminhadas relativamente monótono. Minha vida se desenrolava alternadamente em três pontos da casa, a cama, o banheiro e a mesa. Meu médico deu a receita "mágica". - Para melhorar o cansaço você deve fazer exercícios. Criteriosos e bem programados. - Passei a mensagem imediatamente para a minha "personal", a Flávia, a tia da Lavínia, uma montanha de competência; verdadeiro "show de bola" em termos de musculação para todas as idades, especialmente a terceira. Ela preparou uma série especial de exercícios que foram aos poucos me ajudando a superar o cansaço e dar adeus à fadiga, que agora apenas surge de forma leve e ocasional. Como ocorreu hoje. Associada a um pouquinho de preguiça que a idade permite. Decidi aproveitar para descansar um pouco e treinar as lições do Bruno, o maestro Bruno Marques. Bruno é excelente profissional; dá aulas pra mim e pra minha mulher. Nós adoramos música. Eu estudo teoria musical e piano; ela estuda teclado e canto; adora cantar. Então decidiu cantar por partitura; com ritmo e tom corretos e bem afinados. E vai muito bem. O Bruno me deixou com as instruções básicas para tocar uma versão facilitada da linda composição de Lizst (de difícil execução), Liebestraum 3 ou, na versão brasileira, Sonho de Amor. Com mais uma ou duas semanas talvez eu consiga dominar toda a harmonia. Com a ajuda do Bruno, é claro. É linda. Gosto muito. O hobby da música nos traz muitas alegrias. Eu e a princesa (a minha mulher) ficamos muito alegres quando chega a quarta-feira, dia das nossas aulas com o Bruno, figura exemplar de amigo e músico extremamente habilidoso e competente. Bruno é o nome das teclas. Toca (muito bem) e ensina a tocar órgão, teclado e piano. E se precisar deve se sair bem na sanfona ou em qualquer instrumento que tenha teclas. Desse jeito!

Agora, felizmente, o meu cansaço, tema inicial dessa conversa, cede a um pouco de repouso ou atividades de baixa intensidade. Nesse intervalo aproveitei para registrar essas ideias surgidas de pensamentos vagos que pululam pela mente. Hoje é sexta-feira. Dia de "happy hour". Vou separar uma garrafa de vinho espumante moscatel (o favorito da "patroa"), filezinhos, quadradinhos de queijo, pickles e azeitonas para celebrar alguma coisa ou coisa nenhuma, com a minha princesa, é claro, enquanto cantamos e dançamos alguns boleros do "nosso tempo".
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